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Ataques a escolas

Governo estuda criar disque denúncia contra violência nas escolas


© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A primeira reunião do grupo de trabalho interministerial criado para propor polĂ­ticas pĂșblicas de prevenção e enfrentamento da violĂȘncia nas escolas foi realizada na manhã desta quinta-feira (6), na sede do Ministério da Educação (MEC).

A reunião ocorreu um dia após o ataque à creche privada Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), em que quatro crianças morreram.

Após a reunião do grupo, em BrasĂ­lia, os ministros anunciaram, em coletiva à imprensa, que foram discutidas ações imediatas e outras a serem adotadas em médio e longo prazos para combater o problema.

Primeiras propostas

De acordo com o ministro da Educação, Camilo Santana, que coordena o grupo de trabalho, a primeira proposta é a criação de um disque denĂșncia – um canal telefônico direto e especĂ­fico para relatos de casos suspeitos de ataques a instituições de ensino. "É importante as pessoas se anteciparem, se notarem um episódio suspeito em relação a um colega de sala de aula, a alguma pessoa na rua, no bairro. Então, queremos ver a viabilidade de criar esse canal de denĂșncia de violĂȘncias nas escolas o mais rĂĄpido possĂ­vel e ter esse canal mais ĂĄgil", destacou Camilo Santana.

Ministro Camilo Santana coordena grupo interministerial criado para discutir a segurança nas escolas - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ AgĂȘncia Brasil

A proposta é que o novo serviço funcione nos moldes de duas centrais telefônicas do governo federal: o Disque 100, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, e o Ligue 180, coordenado pelo Ministério das Mulheres.

O governo federal também vai elaborar um protocolo de emergĂȘncia para orientar as escolas pĂșblicas e privadas e os profissionais de educação sobre como agir em caso de novos ataques.

O ministro da Educação disse que, em outra frente, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que jĂĄ vinha fazendo um trabalho de combate ao ódio, à intolerância e à radicalização de grupos, agora, deve antecipar o relatório que que trata especificamente desta questão vivida no ambiente escolar.

Pelo MEC, o governo federal ainda pretende destinar recursos financeiros ao Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), gerido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para repassar recursos para mediação de conflitos dentro das unidades escolares.

"Vamos repassar recursos às escolas para que construam ações e cĂ­rculos de cultura de paz com os alunos. A gente pode formar e qualificar nossos diretores e professores", disse o ministro.

O ministro da Educação vai encomendar um mapeamento nacional sobre violĂȘncia nas escolas. Outra ação que deve ser lançada em breve pelo presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva é a ampliação da oferta do ensino em tempo integral a crianças e jovens.

No campo da saĂșde, a ministra da SaĂșde, NĂ­sia Trindade, apontou que o Programa SaĂșde na Escola, de 2003, deve ser reforçado para melhorar a atenção psicossocial dentro do ambiente escolar, com prevenção e atenção à saĂșde mental de estudantes e profissionais da educação. "Queremos fortalecĂȘ-lo em uma visão abrangente de promoção, de prevenção [à violĂȘncia] e trabalhar com foco na juventude", disse a ministra, lembrando que a violĂȘncia é considerada um problema de saĂșde pĂșblica desde a década de 1980.

Ministra NĂ­sia Trindade diz que é preciso melhorar atenção psicossocial no ambiente escolar - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ AgĂȘncia Brasil

Na ĂĄrea da cultura, editais devem ser lançados para promover a cultura da paz dentro das escolas. Outra proposta apresentada foi o lançamento de uma campanha de esclarecimento, ainda sem data definida. "A Secretaria de Comunicação Social [da PresidĂȘncia da RepĂșblica] vai discutir o formato da campanha porque isso envolve questões das redes sociais", explicou Camilo Santana.

A Secretaria Nacional de Juventude, da Secretaria-Geral da PresidĂȘncia da RepĂșblica, pretende realizar caravanas pela paz em todo o território nacional para acolhimento dos jovens, em parceria com entidades estudantis.

No Ministério da Justiça e Segurança PĂșblica, o trabalho de inteligĂȘncia nas redes sociais, com foco na chamadas deep e dark web, deve monitorar discussões sobre planejamento de novos ataques criminosos.

O ministro da Secretaria-Geral da PresidĂȘncia, MĂĄrcio MacĂȘdo, convidou a imprensa para aderir a pacto no sentido de não dar visibilidade a assassinos que atacam escolas para que estes não sejam cultuados como celebridades nas redes sociais.

"É importante que a imprensa ajude com protocolos, como tem em outros paĂ­ses, quando acontece esse tipo de situação. Que esse cidadão não sirva de exemplo de herói a outras pessoas na internet. Nós sabemos que tem grupos de pessoas que se alimentam desse tipo de situação. Então, vocĂȘs [da imprensa] podem também ajudar não dando visibilidade a esse cidadão para não influenciar outras pessoas a cometerem esse tipo de atrocidade."

Próximos passos

O grupo de trabalho interministerial foi criado por decreto presidencial (nÂș 11.469), publicado em edição extra do DiĂĄrio Oficial da União, nesta quarta-feira (5).

Pelo documento, o relatório final dos trabalhos do grupo interministerial dever ser apresentado em 180 dias, após a primeira reunião. Mas o prazo poderĂĄ ser prorrogado. O ministro Camilo Santana antecipou que um primeiro relatório com propostas serĂĄ divulgado ao pĂșblico em 90 dias.

Participaram deste primeiro encontro, no MEC, os ministros da Educação, Camilo Santana; da SaĂșde, NĂ­sia Trindade; do Esporte, Ana Moser; dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida (este por videoconferĂȘncia); além de representantes dos ministérios da Justiça; da Cultura; da Secretaria-Geral, Secretaria Nacional de Juventude; Secretaria de Comunicação Social; e da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da PresidĂȘncia da RepĂșblica.

No encontro desta quinta-feira, foram definidas as equipes dos ministérios do grupo que vão participar das reuniões setoriais, a partir da próxima semana.

Pelo calendĂĄrio de trabalho estabelecido, uma vez por mĂȘs, os ministros vão se reunir para tomar conhecimento das discussões em andamento.

Nos próximos encontros, o grupo vai abrir espaço a representantes de instituições de ensino superior e também quer ouvir entidades da sociedade civil, especialistas, representantes dos governos municipais e estaduais que contribuam para discutir a erradicação do ódio e intolerância nas instituições de ensino.

Para o ministro MĂĄrcio MacĂȘdo, o envolvimento de todos é fundamental para ações conjuntas efetivas. "Nós, do governo federal, os governos dos estados, municipais, a sociedade civil. É importante também frisar que as instituições de ensino privado também precisam cumprir o seu papel. Assim como o Congresso Nacional, que precisa tratar do tema com legislação."

Solidariedade a Blumenau

O ministro da Secretaria-Geral disse à imprensa que o presidente Lula estĂĄ consternado com as mortes das quatro crianças, ocorridas na quarta-feira, em uma creche privada, em Blumenau. Segundo ele, o presidente acompanha pessoalmente a situação. "Queremos externar toda a nossa solidariedade às famĂ­lias que perderam suas crianças, seus amigos, aos habitantes de Blumenau que viveram essa tragédia. Da nossa parte, contem com a nossa solidariedade e o nosso tempo para que isso não aconteça mais, que a dor dessas famĂ­lias seja amenizada."

Os ministros disseram que não hĂĄ previsão de visitas de integrantes do governo federal à cidade catarinense, neste momento. "O governo federal estĂĄ à disposição e respeita a situação das famĂ­lias [das vĂ­timas]. Da nossa parte, vamos tomar as providĂȘncias que estão sob jurisdição e missão do governo federal", reforçou o ministro MĂĄrcio MacĂȘdo.

O ministro Camilo Santana declarou que esteve em contato direto com as autoridades locais. "Liguei para o governador de Santa Catarina, estava ao lado do prefeito de Blumenau e coloquei à disposição não só o Ministério da Educação, mas o governo federal para apoio necessĂĄrio nesse episódio."

A tragédia também foi tratada como prioridade pela ministra da SaĂșde, NĂ­sia Trindade. "Entramos em contato com a coordenação de SaĂșde Mental de Blumenau e também com a Secretaria de SaĂșde do Estado de Santa Catarina e vamos colocar essa pauta na reunião do Conselho Nacional de SaĂșde, na próxima semana", informou. "O governo federal] quer contribuir para o acolhimento dos familiares das vĂ­timas, da comunidade escolar e de toda a população da cidade de Blumenau", disse a ministra.

No mesmo dia do massacre em Blumenau, o Ministério da Justiça e Segurança PĂșblica anunciou a liberação de R$ 150 milhões para ampliar as patrulhas escolares em todo o paĂ­s, em meio à onda de ataques a escolas e creches pĂșblicas e privadas.

Prisão preventiva

O autor do ataque à creche de Blumenau, que se entregou à polĂ­cia local, teve a prisão em flagrante delito convertida em preventiva, na tarde desta quinta-feira. Na decisão, o juiz plantonista considerou que a conversão se justifica pela "necessidade de manutenção da ordem pĂșblica e da reta aplicação da lei penal". O magistrado ainda registrou que "Blumenau, Santa Catarina e o Brasil estão de luto".

Na audiĂȘncia de custódia, não houve interrogatório sobre os fatos, nem foram ouvidas outras partes. O preso esteve presente, bem como, a Promotoria de Justiça e a defesa do réu, representada pela Defensoria PĂșblica.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina informou que o processo tramitarĂĄ na 2ÂȘ Vara Criminal da comarca de Blumenau, sob sigilo, por envolver de menores de 18 anos.

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