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Brasil na presidência do G20: país pode pautar discussões econômicas e políticas

Foto: Divulgação
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Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV, afirma 'o país que recebe os líderes pode definir as pautas e enfatizar questões que julga importantes --os países costumam enfatizar temas nos quais podem se projetar'. 'Presidir o G20 é uma oportunidade para pautar a agenda global', diz professor de relações internacionais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu, neste domingo (10), a presidência do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo.

Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV, afirma que presidir o G20 é uma grande oportunidade para pautar os temas a serem discutidos globalmente. "O país que recebe os líderes pode definir as pautas e enfatizar questões que julga importantes --os países costumam enfatizar temas nos quais podem se projetar", disse ele.

Os líderes do G20 estão reunidos em Nova Délhi, na Índia, e o país fez isso, afirma Stuenkel: bateu na tecla da digitalização porque a Índia quer se projetar como uma superpotência tecnológica.

"É uma grande vitirine para fora e para dentro. Narendra Modi (o primeiro-ministro indiano) busca se reeleger no início do ano que vem e ele, claramente, se aproveitou dessa cúpula para dizer que é um grande estadista.

Em 2024, os líderes dos países do G20 vão se reunir no Rio de Janeiro. "A diplomacia brasileira tem uma oportunidade grande não só para definir quais são os principais debates no G20, mas se mostrar e mostrar que tipo de atuação o Brasil pode ter nesse sentido", afirma o professor.

Em seu discurso de encerramento da cúpula de Nova Délhi, Lula deu desteaque às mudanças climáticas, com um aviso de que o mundo enfrenta uma "emergência climática sem precedentes".

Ele também anunciou as três prioridades da agenda brasileira do G20: o combate à desigualdade e à fome, o combate à mudança climática e a reforma das instituições de governança internacional.

O presidente ainda pediu para que mais países se juntem ao Conselho de Segurança da ONU e para que as nações em desenvolvimento tenham mais voz no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial.

Contudo, na declaração final de Nova Délhi, a questão foi abordada de forma básica, que era a única aceitável tanto para os países que defendem a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis como para os grandes produtores de petróleo e carvão, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Rússia.

Lula na presidência do grupo

Ao assumir a presidência do bloco, o presidente Lula falou que vai evitar que "questões geopolíticas sequestrem a agenda" do bloco, sinalizando a sua oposição à discussão do conflito na Ucrânia.

Lula afirmou que não se pode "deixar que questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias", no encerramento da cúpula de dois dias em Nova Délhi.

"Não nos interessa um G20 dividido. Só com uma ação conjunta é que podemos fazer frente aos desafios dos nossos dias. Precisamos de paz e cooperação em vez de conflitos", disse ele.

Lula também anunciou que a próxima cúpula do G20 será em novembro de 2024, no Rio de Janeiro.

Declaração final não critica a Rússia

Lula levantou a questão um dia depois de o grupo das 20 grandes economias emitir uma declaração final que evitou criticar a Rússia pela invasão da Ucrânia, um reflexo da falta de consenso no bloco sobre o assunto.

Os Estados Unidos e alguns países europeus queriam a condenação de Moscou, mas não houve consenso, inclusive sobre a presença da Rússia na cúpula.

O presidente russo, Vladimir Putin, não participou da reunião em Nova Délhi, onde foi representado pelo seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

O pronunciamento do G20, divulgado na noite de sábado, no final do primeiro dos dois dias de cúpula, denunciou o uso da força para obter ganhos territoriais, mas evitou criticar diretamente a Rússia pela invasão lançada em fevereiro de 2022.

Em entrevista na noite de sábado à televisão indiana Firstpost, Lula afirmou que a guerra na Ucrânia não deveria fazer parte da agenda do G20 e que o grupo deveria estar focado em questões sociais e econômicas.

Ele também afirmou nessa mesma entrevista que Putin será convidado para a cúpula do G20 no Brasil e que não será preso, apesar do mandado de prisão contra ele emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em março por crimes de guerra.

O ministro russo Lavrov disse que o fato de "conseguirmos impedir a tentativa ocidental de 'ucranizar' a agenda da cúpula" foi uma conquista.

O oficial indiano Amitabh Kant, um dos organizadores da cúpula, comentou no sábado que o Brasil ajudou a formular o acordo sobre a Ucrânia na declaração final, que ele chamou de "a parte mais complexa" da declaração.
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